Festival ZUM promove atividades com Glicéria Tupinambá, Jup do Bairro e Paulo Nazareth

Festival ZUM promove debates com Ayrson Heráclito, Jup do Bairro, Gabriela Biló, Paulo Nazareth e Igi Lólá Ayedun, caminhada coletiva com Glicéria Tupinambá e feira de fotolivros, entre outros destaques.

Nos dias 25 e 26 de novembro (sábado e domingo), o Festival ZUM, organizado pela revista de fotografia do Instituto Moreira Salles, reúne artistas, fotógrafos e pesquisadores para conversas, oficinas, exposições, feiras e outras atividades gratuitas. O evento, que chega a sua oitava edição, acontece na sede do IMS de São Paulo (Av. Paulista, 2424). 

Serão abordados temas como o uso da imagem enquanto instrumento de controle social e ferramenta de emancipação, a influência da cena musical nas artes visuais e os desafios do fotojornalismo durante governos autoritários. A programação inclui ainda conversa com editores, caminhada coletiva e oficina visual, além de feiras de fotolivros e produtos fotográficos.

 

CAMINHADA E EXPOSIÇÃO DO MANTO TUPINAMBÁ

Um dos destaques da programação é a ação de Glicéria Tupinambá, no dia 25 (sábado), às 14h. A artista conduzirá uma caminhada coletiva, com o manto tupinambá, pelos espaços do IMS. O artefato foi confeccionado pela própria artista em 2021 como um processo de recuperação da memória e da ancestralidade dos Tupinambás. Nos séculos 16 e 17, os mantos eram vestimentas sagradas utilizadas em rituais. Durante a colonização, foram trocados em negociações diplomáticas ou simplesmente roubados. Atualmente, existem registros de 11 mantos em museus europeus, sendo que um deles, o que está no Museu Nacional da Dinamarca, será devolvido para o Brasil em 2024.

Fotografia colorida de Glicéria Tupinambá por Natália Corrêa - Festival ZUM 2023
Fotografia colorida de Glicéria Tupinambá | Foto: Natália Corrêa

Feito com apoio da comunidade e orientação dos mais velhos, o manto tecido por Glicéria reafirma o direito à memória dos Tupinambás, reinventando suas tradições. Além da caminhada, o manto será exibido, durante o festival, no IMS Paulista. A ação é uma parceria do IMS com a Casa do Povo e o MAC-USP.

DEBATES

No dia 25 (sábado), também estão previstos três debates. Às 15h, os artistas Paulo Nazareth e Renata Felinto debatem como a fotografia pode ser tanto uma tecnologia colonial e de controle quanto um instrumento de denúncia e emancipação. A mediação será de Renata Bittencourt, diretora de educação do IMS.

Às 17h, os artistas Ayrson Heráclito e UÝRA apresentam performances e instalações que repensam a relação do corpo com o entorno, da cidade com a floresta e do humano com o não-humano. A conversa conta com mediação da jornalista e crítica de arte Tatiane de Assis.

No último bate-papo do dia, às 19h, a funkeira Deize Tigrona e a rapper Jup do Bairro conversam com a coreógrafa Renata Prado sobre o protagonismo feminino na cena musical contemporânea. As duas falam sobre suas obras e carreiras e a quebra de tabus visuais e de gênero na música.

Na programação do dia 26 (domingo), serão duas mesas. Às 15h, as fotojornalistas Gabriela Biló e Rosa Gauditano conversam sobre os desafios de atuar em um meio profissional ainda dominado por homens. Também refletem sobre os desafios do fotojornalismo durante a ditadura brasileira e hoje.

O último debate acontece às 17h, com as artistas Igi Lólá Ayedun, Zahy Tentehar e Katú Mirim e mediação da jornalista Renata Tupinambá. Com produções visuais e musicais, as três falam sobre a influência da ancestralidade indígena e africana na construção de suas obras.

FEIRA DE FOTOLIVROS E OFICINAS

Além das mesas, no dia 25 (sábado), às 10h, acontece a tradicional apresentação das publicações selecionadas na Convocatória de Fotolivros ZUM/IMS. Realizada entre agosto e outubro, a seleção traz um panorama dos fotolivros lançados no último ano. Em seguida, três obras serão premiadas por um júri.

Nos dois dias de festival, a Feira de Fotolivros reunirá publicações de cerca de quarenta editores, coletivos e artistas no térreo do centro cultural. No quinto andar, a Feira da Fotografia Analógica (FroFA) oferecerá filmes, químicos, papéis e outros produtos fotográficos.

A programação também inclui uma oficina e uma apresentação no dia 26 (domingo). Às 10h, a artista e professora Renata Felinto ministra uma oficina que propõe aos participantes realizar colagens com base em imagens das redes e de arquivos virtuais.

Às 11h, o fotógrafo Francisco Valdean apresenta ao público seu projeto de museu itinerante MIIM, criado em 2019 para abrigar um acervo histórico-poético composto por imagens, histórias e memórias da Maré no Rio de Janeiro. Para participar das duas atividades, é preciso realizar inscrição prévia no Sympla.

Sobre a revista ZUM

ZUM é a publicação semestral de fotografia contemporânea do Instituto Moreira Salles. A cada edição, a revista apresenta portfólios de artistas brasileiros e estrangeiros, além de entrevistas e artigos sobre fotografia, cinema e vídeo. Anualmente, a revista também organiza a Bolsa de Fotografia ZUM/IMS, que premia o desenvolvimento de dois projetos inéditos de artistas para que aprofundem seu trabalho no campo da fotografia. Uma vez concluídos, os projetos passam a integrar a coleção de Fotografia Contemporânea do IMS.

PROGRAMAÇÃO FESTIVAL

25 DE NOVEMBRO (SÁBADO)

10h às 12h: Conversa com editores e autores da Convocatória de Fotolivros 2023 | Biblioteca

12h: Anúncio dos premiados na Convocatória de Fotolivros 2023 | Biblioteca

13h às 19h: Feira de Fotolivros e Feira da Fotografia Analógica | Térreo e 5 andar

14hManto em movimento | Caminhada e exposição do manto de Glicéria Tupinambá | Térreo

15h: Retrato falado | Debate com Renata Felinto e Paulo Nazareth, mediação: Renata Bittencourt | Cineteatro
17h: Corpo aberto | Debate com Ayrson Heráclito e UÝRA, mediação: Tatiane de Assis | Cineteatro
19h: O baile é delas | Debate com Deize Tigrona e Jup do Bairro, mediação: Renata Prado | Cineteatro
26 DE NOVEMBRO (DOMINGO)
10h às 13hOs textos que vivem nas imagens | Oficina com Renata Felinto | Ateliê 1 – 9° andar
11h às 12h30Museu da Imagem Itinerante da Maré | Conversa com Francisco Valdean | Biblioteca
11h às 18h: Feira de Fotolivros e Feira da Fotografia Analógica | Térreo e 5 andar
15h: Autoritarismo na mira | Debate com Gabriela Biló e Rosa Gauditano | Cineteatro
17h: Futuro prometido Debate com Igi Lólá Ayedun, Zahy Tentehar e Katú Mirim, mediação: Renata Tupinambá | Cineteatro
*Todos os eventos têm entrada gratuita. Para os debates, serão distribuídas senhas na bilheteria, a partir das 12h, com limite de 1 senha por pessoa. Para a performance de Glicéria Tupinambá, a conversa com autores da convocatória e anúncio dos vencedores, a entrada é gratuita e sujeita à lotação do espaço. Para participar das oficinas com Renata Felinto e Francisco Valdean é preciso realizar inscrição prévia no Sympla.
Os debates contam com interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Para as oficinas, é preciso solicitar a interpretação no momento da inscrição.
SERVIÇO

FESTIVAL ZUM

25 e 26 de novembro

Conversas, oficinas, fotolivros

Evento presencial | Entrada gratuita

 

IMS Paulista

Avenida Paulista, 2424

São Paulo

Tel.: 11 2842-9120
PARTICIPANTES

 

Ayrson Heráclito (Macaúbas, BA, 1968). É Ogã do Jeje Mahi, artista, professor e curador. Tem doutorado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, e mestrado em Artes Visuais pela UFBA. Apresentou a exposição Yorúbáiano (2021), no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), e participa da 35ª Bienal de São Paulo.
Deize Tigrona (Rio de Janeiro, RJ, 1979) é compositora, cantora e artista plástica. Uma das primeiras funkeiras do Brasil, tornou-se nacionalmente conhecida pelo single Injeção (2004), produzido por DJ Marlboro e sampleado pela cantora britânica M.I.A.. Lançou o álbum Foi eu que fiz (Batekoo Records, 2022) e integra a exposição Funk: Um grito de ousadia e liberdade, no Museu de Arte do Rio (MAR).
Gabriela Biló (São Paulo, SP, 1989) é fotógrafa, formada pela PUC-SP. Trabalhou para a agência Futura Press e para o jornal O Estado de S.Paulo. É correspondente da Folha de S. Paulo em Brasília. Vencedora dos prêmios Vladimir Herzog (2020) e Mulher Imprensa (2021). Publicou o livro A verdade vos libertará (Fósforo, 2023), com Pedro Inoue e Medo e Delírio em Brasília. Seu trabalho foi publicado na revista ZUM #24.
Glicéria Tupinambá (Terra Indígena Tupinambá de Olivença, BA, 1982) é artista, professora e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social pela UFRJ. Concedeu depoimento sobre seu trabalho para a revista ZUM #21 e foi bolsista ZUM/IMS com a obra Nós somos pássaros que andam. É umas das representantes do Brasil na próxima Bienal de Veneza, em 2024.

 

Igi Ayedun (São Paulo, SP, 1990) é artista multidisciplinar, diretora e fundadora da galeria e residência HOA e da editora MJOURNAL. Ganhadora da Bolsa ZUM/IMS 2022, seu trabalho é capa da revista ZUM #25.

 

Katú Mirim é uma mulher indígena lésbica, rapper, cantora, compositora, atriz e ativista da causa indígena e LGBTQIA+. N’ativa vinda da periferia, é uma das precursoras do futurismo indígena no Brasil. Participou do programa Convida IMS.
Jup do Bairro (São Paulo, SP, 1993) é multiartista. Lançou o EP Corpo sem juízo, em 2020, que figurou em diversas listas de melhores discos do ano. Foi premiada na categoria “Revelação” da APCA e do Multishow e se apresentou no Lollapalooza Brasil (SP), no Festival Carambola (AL) e no Coquetel Molotov (PE), entre outros. Em 2023, produziu o EP in.corpo.ação e o filme Juízo Final.
Paulo Nazareth (Governador Valadares, MG, 1977) é artista performático. Participou da 34ª Bienal de São Paulo. Sua exposição mais recente foi Vuadora (2022, Pivô, São Paulo-SP). Publicou Melee (Institute of Contemporary Art, Miami, 2021) e Paulo Nazareth: Arte contemporânea/LTDA. (Cobogó, 2012). Seu trabalho é destaque na revista ZUM #25.
Renata Bittencourt (São Paulo, SP) é Mestra e Doutora em História da Arte pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente, é Diretora de Educação do Instituto Moreira Salles.
Renata Felinto (São Paulo, SP, 1978) é artista visual, professora e doutora em artes visuais pelo Instituto de Artes/Unesp. Especialista em curadoria e educação em museus de arte pelo MAC-USP. Vencedora do 3º Prêmio Select de Arte e Educação e do Prêmio PIPA 2020. Foi capa da revista ZUM #24.
Renata Prado (São Paulo, SP, 1990) é dançarina, coreógrafa e professora de funk, formada em Pedagogia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisadora Capes na área da Educação. Idealizadora e articuladora da Frente Nacional de Mulheres no Funk e do projeto Academia do Funk, e integrante da Coalizão Negra por Direitos.
Renata Tupinambá (Niterói, RJ, 1989) é jornalista, poeta, roteirista, curadora e produtora. Criadora da Originárias Produções, é curadora adjunta do Masp. Foi co-fundadora da Rádio Yandê e curadora do Escuta Festival no IMS Rio (2022- 2023).
Rosa Gauditano (São Paulo, SP, 1955) é fotógrafa, graduada em Vídeo Digital pela Universidade Paulista. Trabalhou para o jornal Folha de S. Paulo e para a revista Veja. É diretora do Studio R e fundadora da agência Fotograma. Em 2023, participou da 35ª Bienal de São Paulo, do Photo London UK e da exposição Guaranis Mbyá, em São Paulo.

 

Tatiane de Assis (Goiânia, GO) é repórter na revista Piauí e crítica de artes visuais com especialização na Unicamp. Foi colunista da revista Veja.
UÝRA (Santarém-PA, 1991) é bióloga, mestra em ecologia, artista visual e educadora. Destaque da 34ª Bienal de São Paulo, da Manifesta 14 e vencedora do Prêmio PIPA 2022.
Francisco Valdean (Rio de Janeiro, RJ) é artista e pesquisador. Formado pela Escola de Fotógrafos Populares, tem doutorado em Artes pela UERJ. Foi coordenador geral do projeto Imagens do Povo, do Observatório de Favelas, e é autor do livro Imagens da Maré: narrações fotográficas da favela (Mórula, 2022). Fundou, em 2019, o Museu da Imagem Itinerante da Maré (MIIM).

 

Zahy Tentehar (Território indígena Cana Brava, MA, 1989) é atriz, roteirista, diretora e ativista. Atuou em diversas séries e filmes, como nos longas Não devore meu coração (2017), Uýra: A retomada da floresta (2022) e no curta Zahy: Uma fábula do Maracanã (2012) – do qual também é roteirista. Dirigiu Aiku’é (2017), Karaiw a’e wà (2022) e Ureipy (2023).