Baile da Chic Show com Lauryn Hill, Jimmy Bo Horne, Mano Brown e muito mais reúne milhares de pessoas em São Paulo
Chic Show: O dia 13 de julho de 2024 ficará marcado para sempre na memória de mais de 45 mil pessoas que viram de perto um verdadeiro baile da black music.
Lauryn Hill, acompanhada dos filhos Zion e YG Marley, Jimmy Bo Horne, Wyclef Jean e Fugees, Sandra Sá, Rael, Criolo e Mano Brown fizeram dos gramados do Allianz Parque, na capital paulista, um grande palco para a comemoração dos 50 anos de Chic Show.
Realizado pela Music On Events, em parceria com Luizão Chic Show e Magnetar, o festival abriu os portões por volta de 13h30 e deu início ao grande baile às 14h25, quando Sandra Sá soltou a voz e relembrou do tempo em que era parte de um dos maiores movimentos da cultura preta dos anos 70. Com “Solidão”, “Bye Bye Tristeza”, “Olhos Coloridos” e muitos outros sucessos, a cantora foi responsável pelo pontapé inicial da grande festa.
Logo em seguida, Rael tomou conta do espaço e manteve a energia do público presente nas alturas, além de proporcionar grandes emoções e homenagear a banda BaianaSystem com a música “Lucro”.
Israel Feliciano é cantor, compositor e rapper brasileiro nascido em São Paulo. Rael iniciou sua carreira no grupo Pentágono, mas se destacou em sua trajetória solo, misturando rap, reggae, MPB e outros gêneros.
Conhecido por suas letras que abordam questões sociais, amor e espiritualidade, Rael lançou álbuns aclamados como “Ainda Bem Que Eu Segui as Batidas do Meu Coração” (2013) e “Coisas do Meu Imaginário” (2016). Seu estilo versátil e autêntico o tornou uma figura influente na cena musical brasileira contemporânea.
Criolo, outro nome de grande representatividade da música brasileira, apresentou sua essência e seus hits como “Não Existe Amor em SP” e suas composições próprias ao lado de DJ Dandan. O cantor paulista cantou por aproximadamente 1h30, e teve a participação especial de Rael, que dividiu os vocais com o amigo.
Criolo iniciou sua carreira no rap nos anos 1990, mas ganhou destaque nacional com o álbum “Nó na Orelha” (2011), onde expandiu seu som incorporando elementos de samba, reggae, MPB e afrobeat. Suas letras abordam temas sociais, políticos e emocionais com uma profundidade poética e crítica.
Criolo é conhecido por sua versatilidade musical e sua capacidade de dialogar com diferentes públicos, tornando-se uma das vozes mais respeitadas e influentes da música brasileira contemporânea.
Primeira atração internacional da noite, Jimmy Bo Horne mostrou que aos 74 anos continua escrevendo sua história na música mundial e fez uma apresentação de tirar o fôlego. Os hits do funk americano e da disco, presentes nas pistas mundiais de dança, fizeram a galera relembrar os famosos passos dos anos 70 e 80.
Jimmy Bo Horne é um cantor e músico americano de soul e disco, nascido em 28 de setembro de 1949 em West Palm Beach, Flórida. Ele ganhou fama na década de 1970 com hits dançantes e contagiantes como “Dance Across the Floor” e “Spank,” que se tornaram clássicos das pistas de dança.
Sua música, caracterizada por ritmos vibrantes e grooves cativantes, foi produzida por nomes renomados como Harry Wayne Casey e Richard Finch, da KC and the Sunshine Band. Embora Horne não tenha alcançado o mesmo nível de sucesso contínuo que alguns de seus contemporâneos, seu legado perdura através de sua contribuição para o cenário da disco music e seu impacto duradouro na cultura dance.
Com direito à bailarinos e uma banda 100% sincronizada, Mano Brown, ídolo do rap nacional, chegou cheio de estilo vestindo terno e calça social, e ao lado da sua banda Boogie Naipe, promoveu uma surpresa aos fãs durante sua apresentação: reuniu os integrantes do Racionais e juntos cantaram “Fórmula Mágica da Paz”, levando o público ao delírio.
Boogie Naipe
Mano Brown, um dos membros fundadores do lendário grupo de rap Racionais MC’s, é uma figura central na música brasileira, conhecido por suas letras contundentes sobre questões sociais e raciais. Em 2016, ele lançou o projeto Boogie Naipe, um álbum solo que marca uma exploração de novos horizontes musicais, mergulhando profundamente no funk, soul e R&B dos anos 70 e 80.
Influenciado por artistas como Tim Maia e Jorge Ben Jor, Boogie Naipe apresenta um som sofisticado e dançante, destacando-se pela produção cuidadosa e letras que celebram o amor e a vida noturna. O projeto mostra a versatilidade de Mano Brown como artista e sua capacidade de se reinventar enquanto mantém sua essência crítica e reflexiva.
Atração mais esperada da noite, a rainha Lauryn Hill deu o nome e por quase duas horas soltou a voz para um público eufórico e radiante com a apresentação. Eram milhares de pessoas emocionadas que cantavam em coro sucessos como “Superstar”, “Final Hour”, “Lost Ones”, entre muitos outros.
Durante a apresentação, os filhos da diva mostraram que o talento vem de berço e com “Best Of Me” e “In The Sky” na voz de Zion e “Freedom”, “Survival” com YG Marley, os irmãos trouxeram para o evento a força do reggae. Em um momento descontraído e de homenagem ao local, YG Marley mostrou o presente que ganhou: a camisa do Palmeiras com seu nome escrito.
Encaminhando para o fim, Wyclef Jean elevou o coro com um de seus sucessos solo – “Hips Don’t Lie”, sua parceria com Shakira. O último bloco do show, por volta de 23h, trouxe os sucessos dos Fugees, ex banda de Lauryn e Wyclef, como “Killing Me Softly” e “Fugee La”.
Os intervalos foram tomados pelo talento dos DJs da época- Luciano e Grandmaster Ney – que com maestria relembraram os tempos dos bailes. Acompanhado da família, o criador e grande responsável do movimento Chic Show, Luizão esteve no palco e se emocionou ao se deparar com a marca deixada por ele.
Lauryn Hill, nascida em 26 de maio de 1975 em East Orange, Nova Jersey, é uma cantora, compositora, rapper e atriz americana, amplamente reconhecida por seu talento e impacto na música. Ela começou sua carreira no grupo The Fugees, formado em 1992 ao lado de Wyclef Jean e Pras Michel. Com os Fugees, Lauryn ganhou fama mundial com o álbum “The Score” (1996), que apresentou sucessos como “Killing Me Softly” e “Ready or Not,” vendendo milhões de cópias e ganhando dois prêmios Grammy.
Em 1998, Lauryn Hill lançou seu álbum solo “The Miseducation of Lauryn Hill,” que se tornou um marco na música contemporânea. O álbum, uma fusão de hip-hop, soul, reggae e R&B, foi aclamado pela crítica e conquistou cinco prêmios Grammy, incluindo Álbum do Ano. Sucessos como “Doo Wop (That Thing)” e “Ex-Factor” consolidaram sua posição como uma das artistas mais influentes de sua geração.
Apesar de seu enorme sucesso, Lauryn Hill se afastou dos holofotes pouco depois do lançamento de “The Miseducation of Lauryn Hill,” citando o desejo de se concentrar em sua vida pessoal e espiritual. Ao longo dos anos, ela fez raras aparições públicas e lançou alguns trabalhos esporádicos, incluindo o álbum ao vivo “MTV Unplugged No. 2.0” (2002), que apresentou novas canções e um estilo mais introspectivo.
Lauryn Hill continua a ser uma figura icônica na música, celebrada por sua habilidade lírica, vocais poderosos e sua capacidade de abordar temas sociais e pessoais com profundidade e sinceridade. Seu legado perdura, influenciando uma nova geração de artistas e mantendo um impacto duradouro na cultura musical.
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CHIC SHOW
A Chic Show foi uma das mais icônicas festas de música negra no Brasil, especialmente conhecida em São Paulo, e desempenhou um papel fundamental na popularização da Black Music no país.
O ano era 1970 quando um forte movimento black tomou conta da capital paulista e ganhou respeito no cenário musical da época. “Chic Show” foi o nome escolhido por Luiz Alberto da Silva – o Luizão – idealizador do projeto que ganhou notoriedade e virou sinônimo de celebração e orgulho da cultura preta.
Os bailes realizados no antigo Palestra Itália (atual Allianz Parque), foram fundamentais para a criação de um dos principais símbolos da black music do estado de São Paulo, dando identidade e voz a milhares de cidadãos negros que se orgulhavam de pertencer a algo tão significativo para a época.
Primeiros Anos
A primeira festa aconteceu no Clube 220, na zona norte de São Paulo, e rapidamente se tornou um sucesso. A combinação de música de qualidade, DJs talentosos e um ambiente acolhedor fez com que a Chic Show se destacasse. As festas eram animadas por DJs como Osvaldo Pereira, que mais tarde se tornaria um dos mais famosos DJs de Black Music no Brasil.
Expansão e Popularidade
Nos anos 80, a Chic Show expandiu suas atividades para outros clubes e espaços maiores, como o Palmeiras e o Clube da Cidade, atraindo multidões de jovens que buscavam um espaço para se divertir e celebrar a cultura negra. Durante essa época, a festa trouxe ao Brasil artistas internacionais como James Brown, Earth, Wind & Fire e Kool & The Gang, além de promover talentos nacionais como Tim Maia e Cassiano.
Contribuição Cultural
A Chic Show foi mais do que uma festa; foi um movimento cultural que contribuiu significativamente para a disseminação da Black Music e a valorização da identidade negra no Brasil. A festa oferecia um espaço onde a comunidade negra podia se reunir, expressar-se livremente e celebrar sua cultura. Além disso, ajudou a combater o preconceito racial e a promover a igualdade social.
Legado
Nos anos 90, com a mudança das tendências musicais e o surgimento de novas formas de entretenimento, a popularidade da Chic Show começou a declinar. No entanto, seu legado perdura. A festa é lembrada com carinho e respeito por aqueles que participaram, e sua influência pode ser vista na cena musical e cultural brasileira até hoje.
Relevância Atual
O espírito da Chic Show continua vivo em eventos e festas que homenageiam a música e a cultura negra. Seu impacto duradouro é evidente na forma como ajudou a moldar a identidade cultural de São Paulo e do Brasil como um todo.
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A Black Music no Brasil
A Black Music no Brasil é um movimento musical que abrange diversos gêneros, incluindo soul, funk, rap, hip hop e R&B, e tem suas raízes profundamente ligadas à história e cultura afro-brasileira.
Início e Influências
A história da Black Music no Brasil começa com a chegada dos africanos escravizados durante o período colonial. A música e a dança dos africanos se misturaram com as tradições indígenas e europeias, criando gêneros como o samba, que se tornou um dos símbolos culturais do país.
Anos 70: A Ascensão do Funk e Soul
Nos anos 70, o movimento da Black Music ganhou força com a popularização do soul e do funk. Artistas como Tim Maia, Cassiano e Banda Black Rio foram pioneiros, trazendo influências do soul americano para o cenário musical brasileiro. Tim Maia, em particular, teve um impacto significativo, misturando soul, funk e MPB (Música Popular Brasileira) em seu estilo único.
Anos 80: O Surgimento do Rap
A década de 80 marcou o surgimento do rap no Brasil, influenciado pelo movimento hip hop americano. Grupos como Racionais MC’s começaram a emergir, trazendo letras que refletiam a realidade das comunidades periféricas e abordavam questões sociais, raciais e políticas.
Anos 90: Expansão e Diversificação
Nos anos 90, o movimento da Black Music se diversificou ainda mais. O rap ganhou popularidade, com grupos como Planet Hemp e Gabriel o Pensador trazendo o gênero para o mainstream. Ao mesmo tempo, o R&B começou a ganhar espaço, influenciado por artistas americanos e adaptado ao contexto brasileiro.
Anos 2000 em Diante: Consagração e Novas Vozes
No século XXI, a Black Music no Brasil continuou a evoluir e a se consolidar. Artistas como Emicida, Karol Conká, Criolo e Ludmilla trouxeram novas perspectivas e sonoridades, mesclando rap, funk carioca, pop e outros gêneros. O rap se tornou uma das principais vozes da juventude urbana, enquanto o funk se popularizou em todo o país, ganhando reconhecimento internacional.
Legado e Influência
A Black Music no Brasil é uma expressão vital da identidade afro-brasileira e desempenha um papel crucial na luta contra o racismo e na promoção da igualdade social. Sua influência pode ser sentida em muitos aspectos da cultura brasileira, desde a música e a dança até a moda e o comportamento.