Pelas ruas da comunidade do Bode no Pina, em Recife, Pernambuco, uma criança preta é guiada por uma figura mística para descobrir seus próprios talentos e história. Ao fundo se ouve: “É como um sorriso de criança/É como o som das manhãs/É pungente, é mangue, é coração/É mangue, é raça, é maternidade/É mangue, é resistência/ Movimente-se quilombo/ Realezas se encontram nos becos”.
Assim começa o filme-show Becos da Realeza, do duo de afropop Barbarize, que sai em parceria com o selo Estelita e tem incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (FUNCULTURA).
Com ecos explícitos de “Black is King”, musical lançado por Beyoncé em 2020, Barbarize tem como mote a emancipação do povo preto e toca forte na estética afrofuturista para isso.
Há uma história central, entremeada de entrevistas, apresentação ao vivo do duo, acompanhadas de muita coreografia e bailarinos.
“Eram na verdade muitos artistas se juntando para colocar a mão na massa para criar algo que era autêntico e novo de fato. E o interesse não era de mostrar as mazelas que existem dentro da comunidade, que existem em todas as comunidades. Estava implícito no que estava se construindo, mas não era esse o foco. O foco não era falar que o poder público diminui, negligencia a comunidade. Não era isso. Era falar que apesar disso, aquela comunidade floresce de uma forma diferente”, comenta o diretor Victor Limar no filme.
Formada por YuriLumin e Bárbara Vitória, Barbarize é um duo, mas também um casal que se formou durante uma manifestação.
Por isso, não tem como dissociar o grupo da luta pelo protagonismo preto.
“Pensar o futuro das políticas públicas colocando raça como elemento central é algo que pode, de fato, ajudar a resolver as questões no Brasil. Porque numa realidade em que a maioria das pessoas é negra, é primordial que se trate discussões sobre raça como questão central. Nesse sentido, ‘Barbarize – Becos da Realeza’ coloca o sujeito, ou seja, o povo preto como protagonista de sua própria história, solidificando uma importante ferramenta antirracista”, explica Bárbara.
No filme-show, a banda apresenta canções do primeiro EP “SobreVivências Periféricas”, álbum visual lançado em 2021, canções inéditas e ainda a possibilidade de mostrar ao vivo e gravado a parceria com a rapper e repentista Jéssica Caitano e o cantor Ciel Santos, que estão em “Meia-Noite”.
Além da dupla, Barbarize é também formado por Jéssica Jansen (produtora), Victor Marinho (coreógrafo e bailarino), Yara Medusa (coreógrafa e bailarina) e DeLiira (DJ). Já o DVD tem direção do já citado Victor Limar, produção de Jéssica Jansen, fotografia de George Lucas, coreografias de Yara Medusa e Victor Marinho, os bailarinos Duda Serafim, Gustavo Barros, MikeRoco e Robert Yousef, além das participações especiais de Mun Há, Ciel Santos e Jéssica Caitano.
Influenciada diretamente pelo manguebeat, pelo rap, pop e trap de nomes nacionais e internacionais, como Doja Cat, Stromae, Rincon Sapiência, MHD e A-Star, a Barbarize nasceu para chocar, deixar a dor de lado e mostrar que o povo preto também pode ser protagonista. Vindo diretamente da Favela do Bode, no bairro do Pina no Recife, o duo se autointitula “mais do que uma banda musical, somos uma ideia de revolução para a mudança e liberdade”.
Show no projeto Prata da Casa
Para quem quiser conferir a banda ao vivo, o grupo se apresenta em São Paulo, no SESC Pompeia (R. Clélia, 93 – Água Branca), dentro do projeto Prata da Casa, no dia 24 de outubro, a partir das 21h30. A apresentação é gratuita. Além de mostrar as músicas do EP “SobreVivências Periféricas”, o grupo também adianta canções que estarão no próximo disco, “Manifexxta”, previsto para sair no primeiro semestre de 2025.
Serviço
Barbarize – Prata da Casa
Data: 24 de outubro de 2024, quinta-feira
Horário: 21h30
Local: SESC Pompeia (R. Clélia, 93 – Água Branca, São Paulo – SP, 05042-000)
Classificação 14 anos
Mais informações: https://m.sescsp.org.br/programacao/barbarize/
Entrada franca. Retirada de ingressos a partir das 19h