Natura Musical apresenta “Canções de Outono”, novo disco autoral de Sérgio Pererê

A imagem de amores atrelados à sofrência está popularmente associada ao sertanejo, ao arrocha e ao brega reverberados em botecos, rádios ou shows em grandes estádios. Para Sérgio Pererê, entretanto, esse sentimento extrapola um gênero musical e também está imbuído no tango, no forró, no samba, nas percussões africanas e, invariavelmente, dentro da gente. “A sofrência é da condição humana, não tem como fugir, mas não precisa ser um poço de tristeza”, justifica o artista. A partir desse olhar amplo para o amor e da confluência de ritmos diversos, o multi-artista mineiro lança seu novo álbum.

Fotografia colorida de Sergio Pererê por Luis Carlos O. Divulgação
Sergio Pererê | Foto: Luis Carlos O.

“Canções de Outono” reúne faixas que versam sobre o amor de forma declaratória, repleto de hits e em caráter inédito na obra de Pererê, ao contar com 14 participações de cantoras de destaque da cena brasileira. O show de divulgação acontece no dia 16/6 (domingo), junto com o lançamento do álbum, no Teatro Sesiminas, a partir das 19h. Os ingressos estão disponíveis neste link.

Ouça o disco “Canções de Outono” aqui

O álbum “Canções de Outono” foi selecionado pelo edital Natura Musical, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais (LEIC), ao lado de artistas como Luiza Brina, Pássaro Vivo, Coral e Mostra Negras de Autoras. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para mais de 140 projetos de música até 2020, como Fernanda Takai, Lô Borges e Meninos de Araçuaí.

Toda a concepção do disco nasceu durante a pandemia, quando Sérgio Pererê começou a reparar com mais atenção as músicas que seus vizinhos escolhiam ouvir no maior período de isolamento social do último século. E notou uma coincidência em comum nos sons que chegavam na janela da sua casa, em Belo Horizonte: a sofrência soando alto.

“Fiquei intrigado em perceber que as músicas dos meus vizinhos eram quase todas de sofrência, seja sertanejo, rock, samba, MPB etc. E, quando falamos de sofrência, na verdade o assunto é o amor e os seus dramas. O amor, como esse combustível de vida que todos precisam. Sofrência não é algo só negativo. Entendi, prestando atenção no que as pessoas escolhiam ouvir em um período de solidão e angústia, que a sofrência é algo que une as pessoas e as humaniza também”, avalia Pererê.

Nessa atmosfera, vieram à tona mais de 30 músicas — sendo que 14 entraram no disco —, compostas no formato de voz e violão, de forma solitária, e inspiradas por mestres da sofrência, que vão de Marília Mendonça a Péricles, de Nelson Cavaquinho a Chico Buarque, de Pablo do Arrocha a Cartola.

“Comecei a ouvir muito esses artistas. E entender a potência de músicas muito populares, dessas que tocam em uma jukebox de bar e todo mundo sabe cantar. É porque elas despertam um sentimento quase imediato na gente. E esse é um lugar de muita sensibilidade, não só de tristeza”, analisa Pererê.

Canções de Outono

É por isso que, embaladas por cosmovisões plurais sobre as potencialidades da sofrência, as músicas de “Canções de Outono” não assumem uma roupagem meramente melancólica, entre os dramas narrados nas poéticas letras de Pererê.

As desilusões e desconsolos estão lá, em músicas como a balada “Do Nada”, que remete às inspiradas canções românticas de Vander Lee, e ganha um ar bucólico com a interpretação da cantora Coral, avolumada por violões de aço, sitar indiano e percussões eletrônicas e acústicas. No mesmo caminho está “Véu do Esquecimento”. As flautas de bambu, as marimbas e o piano acolhem a voz lírica da cantora Irma Ferreira, dentro de uma aura triste, mas corajosa, que remete aos amores impossíveis da antiguidade.

Mas essa é uma atmosfera parcial do álbum. “Canções de Outono” carrega muitas outras facetas sobre o que chamamos de amar ou sofrer. Há a alegria do forró em “Saudade com Desassossego”, entoado pela pernambucana radicada em Minas, Talita Sanha; a paz suave da voz de Fernanda Takai em “Seguindo em frente”; e a festança promovida por Lia Itamaracá, a maior referência cirandeira do Brasil, responsável por dar vida à ciranda “Que fale de chuva”. E não só.

Na canção “Submundo”, estrelada pela visceral Letrux, um berimbau e a batida eletrônica conduzem os versos emancipadores: “me larga, me solta, me deixa / vê se me esquece”. E aqui a dor vem alimentada de amor próprio.

Já em “Benkerê”, as vocalizações femininas inconfundíveis do Trio Amaranto, encorpadas essencialmente por tambores, transformam a ideia de sofrimento em brotação, renovação e esperança.

“Essa é uma música que fiz a partir de uma experiência muito simples e poderosa. Vendo meu filho se empolgar com um tambor em casa, em um momento em que estávamos todos privados do mundo, e notando o exato momento em que ele despertou para a música, se sentindo feliz ao tocar um instrumento, me inspirei para falar do desejo de viver, do crescimento de um grande amor”, justifica Pererê.

Até mesmo nas músicas mais dramáticas, como é o caso do tango “Beijo de Deus”, com interpretação arrebatadora da cantora Azula ao lado de um quarteto de cordas eruditas, a dor assume um papel de superação, lembrando uma magia de influências que vão de Waldick Soriano a Sidney Magal: “você comeu minha comida / me consumiu, me bebeu / deixando o gosto amargo do seu beijo de adeus”.

Com produção de Richard Neves, tecladista do Pato Fu e multi-artista que já trabalhou com nomes como Milton Nascimento, Ivete Sangalo e Samuel Rosa, “Canções de Outono” tem em seu pano de fundo a sonoridade conhecida de Pererê, com marimbas, mbiras, flautas de bambu e muitos tambores. Mas ganhou timbres eletrônicos dançantes, violões alegres, sanfonas soltas e outros elementos de cadências pop, além das vozes de mulheres em todas as músicas, como uma homenagem de Pererê a cantoras que o acompanham ao longo de mais de 25 anos de carreira.

“O Richard é um profissional multi-talentos, que tem um cuidado precioso para encontrar timbres originais, e que orientou muito para que um álbum tão diverso, do forró ao tango, pudesse manter uma estrutura percussiva que perpassa toda a minha obra. E esse é um álbum que ganhou vida pela interpretação das mulheres que me acompanham. Eu quis trazer parceiras de vários estilos e muitas delas ficaram de fora, mas é minha homenagem às cantoras e às vozes femininas que sempre estiveram nos meus discos e nos palcos por onde toquei”, diz Pererê.

Show

Para a estreia do show, Sérgio Pererê leva ao palco uma banda quase inteiramente de mulheres, com Bia Nascimento (violão), Natália Mitre (percussão), Débora Costa (percussão), Marcela Nunes (flauta), Verônica Zanela (baixo) e Richard Neves (teclados e piano). Representando as diversas vozes femininas de “Canções de Outono”, a cantora e clarinetista mineira Thamiris Cunha divide os vocais com Pererê em todas as canções do show. “Minha ideia é ter, para os próximos shows de divulgação, algumas convidadas que participaram do disco. Quero levá-las para o palco também”, adianta Pererê.

Sobre Natura Musical

Natura Musical é a plataforma cultural da marca Natura que há 18 anos valoriza a música como um veículo de bem estar e conexão. Desde seu lançamento, em 2005, o programa investiu mais de R$ 190 milhões no patrocínio de mais de 600 artistas e projetos em todo o Brasil, promovendo experiências musicais que projetam a pluralidade da nossa cultura. Em parcerias com festivais e com a Casa Natura Musical, fomentamos encontros que transformam o mundo. Quer saber mais? Siga a gente nas redes sociais: @naturamusical.

SERVIÇO.

Lançamento do disco “Canções de Outono”, de Sérgio Pererê

Quando. 16 de junho (domingo), a partir de 19h

Quanto. Os ingressos custam R$30 / R$15 (meia-entrada) e estão disponíveis neste link.

Onde. Teatro SESIMINAS (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia)