Cátia de França se apresenta no Sesc Belenzinho

Um disco que une o passado e o presente, que resgata memórias e perspectivas ao longo de 77 anos bem vividos. Em 12 faixas inéditas, músicas que revelam desde os sentimentos juvenis até às incertezas da censura imposta aos artistas brasileiros. ‘No Rastro de Catarina’, novo disco da multiartista paraibana Cátia de França, chegou em abril às plataformas digitais com toda força e vitalidade de uma artista com influências em diversas gerações da música brasileira.

Meio século de carreira musical é um marco emblemático na vida de qualquer artista do ramo. Com seis discos lançados entre 1979 e 2016, Cátia de França ultrapassa gerações e transita entre palcos e parceiros musicais dos quatro cantos do país. Sua história envolve evolução de ritmos, experimentações e parcerias com artistas como Zé Ramalho, Dominguinhos, Sivuca, Lulu Santos, Chico César, Elba Ramalho e Bezerra da Silva em seus discos.

Fotografia colorida de Catia de França - 50 anos de pisada - por José de Holanda
Catia de França | Foto: José de Holanda

Poética e sonoridade

A faixa que dá nome ao disco é um jogo de palavras a partir do trecho “No Raso da Catarina/ O que vejo é nossa sina/ Enxergo a caatinga/ Branco hospital”presente na canção autoral ‘Quem Vai, Quem Vem’, do disco ‘20 Palavras ao redor do Sol’ (1979).

‘No Rastro de Catarina’ é uma obra completa que expõe a poética e sonoridade múltipla de Cátia de França em mais de meio século de carreira. Abrindo com “Fênix”, um manifesto sobre si mesma e de seu regresso depois do apagamento, o disco percorre toda a história da artista, desde ‘Indecisão’, um poema de amor escrito quando Cátia tinha 14 anos e só agora musicado, ao mergulho em seu envelhecimento com ‘Malakuyawa’, cantando sobre seus cabelos brancos, veias aparentes e sorriso sem dentes.

Faixas como ‘Espelho de Oloxá’, ‘Bósnia’ e ‘Negritude’ abordam entre outras temáticas sua veia política e a identidade negra, além da forte característica da referência literária em sua arte (a faixa ‘Eu’, por exemplo, traz um poema da portuguesa Florbela Espanca), apresentando canções que, como crônicas, contam o mundo através das lentes da compositora. Entre as doze canções estão parcerias com Khrystal, Regina Limeira e Socorro Lira.

Uma volta ao início de tudo

O disco ‘No Rastro de Catarina’ foi integralmente gravado ao vivo em João Pessoa, terra natal da cantora, no Estúdio Peixeboi. O disco foi produzido pelo selo fonográfico Tuim discos, também da Paraíba, e tem o lançamento assinado pela Tratore distribuidora digital.

A banda também foi composta só por músicos paraibanos, o que Cátia de França classifica como “uma fórmula que dá certo”. “Chegou um momento em que percebi uma cobrança por um novo trabalho, que vinha sempre acompanhada do questionamento se eu havia parado de compor. Esse disco foi regado por sentimentos de entrega, vontade e confiança. Por isso, eu apostei numa fórmula que deu certo, que é fazer disco novo com músicos paraibanos”, contou.

A banda é formada por Cristiano Oliveira (viola, violão e violão de aço), Marcelo Macêdo (guitarra e violão de aço), Elma Virgínia (baixo acústico, baixo elétrico e fretless), Beto Preah (bateria e percussões) e Chico Correa (sintetizadores e samplers), que também assina a produção musical do disco ao lado de Marcelo Macêdo. ‘No Rastro de Catarina’ conta ainda com participação de Gláucia Lima no vocal, Dina Faria na direção artística e Felipe Tichauer na masterização, vencedor do Grammy Latino em 16 oportunidades.

50 Anos de carreira

Alfabetizada por sua mãe Adélia de França, a primeira educadora negra do estado da Paraíba, por meio de canções, Cátia de França, ou Catarina Maria de França Carneiro (João Pessoa, Paraíba, 1947), costuma contar que em sua casa “podia faltar manteiga, mas jamais faltaria um livro”.

Apadrinhada pelo compositor e produtor Zé Ramalho, gravou ‘20 Palavras ao Redor do Sol’ (1979)seu primeiro trabalho pela CBS, que conta com a participação de Sivuca, Dominguinhos, Sérgio Boré, Chico Batera, Lulu Santos e Bezerra da Silva. Em 1980, lança o álbum ‘Estilhaços’.

Cátia também gravou o LP ‘Feliz Demais’ (1985) e ‘Olinda’ (1986), que teve a participação da Banda Azymuth. Já em 1998, lança o CD ‘Avatar’ (1998) pelo selo CPC Umes, do qual participam Chico César (1964-), Xangai (1948-) e Quinteto de Cordas da Paraíba.

Em 2005, grava o CD ‘Cátia de França Canta Pedro Osmar’, interpretando músicas do cantor, compositor e instrumentista paraibano. Em 2012, lança o CD independente ‘No Bagaço da Cana / um Brasil Adormecido’, com a Camerata Arte Mulher, formada por musicistas eruditas da Paraíba e inspirado em textos de José Lins do Rego.

Com o patrocínio da Natura Musical, Cátia de França apresenta a seus fãs o CD ‘Hóspede da Natureza (2016)’, inspirado na obra do escritor Henry David Thoreau (1817-1862) e com uma musicalidade que transita do reggae ao blues, passando por bossa nova, rock e bumba meu boi.

Serviço:

Cátia Teixeira
Dias 3 e 4 de agosto de 2024. Sábado, 21h. Domingo, 18h.

Local: Teatro (374 lugares)
Valores: R$ 60 (inteira); R$ 30 (Meia entrada), R$ 18 (Credencial Sesc)
Ingressos à venda no portal sescsp.org.br e nas bilheterias das unidades Sesc
Classificação: 12 anos
Duração: 90 minutos

SESC BELENZINHO

Endereço: Rua Padre Adelino, 1000.

Belenzinho – São Paulo (SP)

Telefone: (11) 2076-9700

Estacionamento

De terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h.

Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$ 8,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 17,00 a primeira hora e R$ 4,00 por hora adicional.

Transporte Público

Metro Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m)