Funmilayo Afrobeat Orquestra, primeira banda de afrobeat brasileira formada somente por pessoas negras, mulheres e não binárias, lança seu primeiro álbum, ‘Funmilayo’, em todas as plataformas digitais.
“Essa estreia é uma façanha! É o resultado de um processo coletivo de uma banda que se constituiu meses antes do mundo ser atravessado pela pandemia, num momento de medo generalizado e num governo caótico e autoritário que realizou imensos cortes na área da cultura e da educação. Apesar de todo o contexto jogando contra, esse disco vem ao mundo carregado de amor e vida, no intuito de ser semente”.
Fotografia colorida de Funmilayo Afrobeat Orquestra por José de Holanda
Funmilayo Afrobeat Orquestra | Foto: José de Holanda


O nome da banda foi escolhido como forma de homenagear Funmilayo Anikulapo Kuti, professora, política militante, uma das ativistas mais importantes, tendo liderado a luta das mulheres por liberdade, pelo direito ao voto e por justiça social.

Formada por Rosa Couto, Stela Nesrine, Jasper Okan, Sthe Araujo, Afroju Rodrigues, Ana Goes, Tamires Silveira, Vanessa Soares, Larissa Oliveira, Bruna Duarte e Priscila Hilario, Funmilayo Afrobeat Orquestra é conduzido por uma sonoridade que perpassa a ciranda às músicas de terreiro.  

“Esse disco surgiu pela vontade e ímpeto de homenagear mulheres negras brasileiras que representassem a luta pela igualdade. Para isso, escrevemos um projeto  – posteriormente inscrito e contemplado pelo Rumos Itaú Cultural – que propunha um estudo sobre essas mulheres, ações diretas com o público e imersão para o processo de composição”.
 
O álbum com 10 faixas foi gravado gratuitamente no Estúdio Experimental da Faculdade de Tecnologia de Tatuí-SP, acompanhado por uma equipe majoritariamente feminina, composta por estudantes do curso de Produção Fonográfica daquela universidade. Além disso, contou com a direção musical do músico e compositor Allan Abbadia – que atuou com nomes como Elza Soares, Zeca Pagodinho, Baby do Brasil, Mano Brown, Racionais MC’s, Emicida, Liniker, Luiz Melodia, Beth Carvalho, Jards Macalé e Moacyr Luz.

‘Ori’ é uma faixa ritual de abertura, com texto composto por Rosa Couto, declamado por Vanessa Soares e acompanhado pelas percussionistas Afroju Rodrigues e Sthe Araújo.

‘Ondina’, a segunda do álbum, tem letra de Jasper Okan, com arranjos criados coletivamente. Essa faixa conta a trajetória da preta velha Ondina, na luta pela liberdade através da fuga.

‘Ciranda’ foi composta coletivamente, a partir da harmonia proposta por Tamiris Silveira e letra de Rosa Couto. Para e respira: um afrobeat ao estilo dos anos 1970, com letra e voz de Ana Góes. Aaliyah é a única faixa instrumental do disco, composta por Tamiris Silveira.

‘Fruta Semente’ tem construção coletiva a partir da melodia e da letra criadas por Larissa Oliveira. Conta com a participação de Josy.Anne na voz e na caixa.

 
‘Wikipreta’ é de autoria de Stela Nesrine e Monna Brutal, que também faz uma participação – “é um jab direto no queixo”, diz Rosa Couto.

‘Manifesto’ parte de uma composição original de Afroju Rodrigues. A letra é um manifesto contra as opressões que os corpos femininos, negros, lgbtqiap+ suportam na lógica da colonialidade. 

 
‘Luvemba’ surge a partir de uma composição de Jasper Okan e conta sobre a travessia e o firmamento, numa terra de encruzilhadas, de cultura negra, de encontro com os povos de Abya Yala (na língua do povo Kuna, “terra madura”, “terra viva”, “terra em florescimento”, sinônimo para América).

A música que fecha o disco, ‘Nascer para Dentro’, é de Ana Goes – um mantra e um chamado para o autoamor e cuidado, como uma viagem interior pelo caminho do reconhecimento, principalmente considerando a necessidade de transformação da experiência negra de auto negação. “A de luta, de ímpeto de transformação, de raiva, de luto, mas principalmente, a de resistência e crença no coletivo”.

Marcando a estreia, um show acontece no próximo dia 18/12, domingo, às 20h, na Sala Olido. As entradas serão gratuitas, com retirada de ingresso 1h antes da apresentação.

SERVIÇO

Funmilayo Afrobeat Orquestra na Sala Olido
[ Apresentação especial de lançamento do disco Funmilayo ]

Domingo, 18 de dezembro, às 20h
Entrada GRATUITA | retirada de ingressos uma hora antes do show
Endereço: Av. São João, 473 – Centro Histórico de São Paulo, São Paulo – SP

SOBRE O RUMOS ITAÚ CULTURAL

Um dos maiores editais privados de financiamento de projetos culturais do país, o Programa Rumos, é realizado pelo Itaú Cultural desde 1997, fomentando a produção artística e cultural brasileira. A iniciativa recebeu mais de 75,8 mil inscrições desde a sua primeira edição, vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas 1,5 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa.

Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 7 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras divulgaram os trabalhos selecionados.

Na última edição, de 2019-2020, os 11.246 projetos inscritos foram examinados, em uma primeira fase seletiva, por uma comissão composta por 40 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país.

Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 23 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição. Foram selecionados 90 projetos.